Em 26 de abril de 2024, o Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo promulgou a Lei da República Popular da China sobre Direitos Aduaneiros de acordo com o Decreto Presidencial nº 23.
Essa nova lei, que entrará em vigor em 1º de dezembro de 2024, significa uma grande reformulação da estrutura de direitos alfandegários da China, substituindo os Regulamentos da República Popular da China sobre Direitos de Importação e Exportação (revisados em 2017).
Este artigo tem como objetivo destacar os principais recursos da nova lei e compará-los com os regulamentos existentes, fornecendo uma compreensão abrangente das mudanças e suas implicações para o comércio internacional e a administração alfandegária na China.
Histórico e objetivo legislativo
A nova lei foi promulgada para padronizar a cobrança e o pagamento de tarifas alfandegárias, proteger a ordem de importação e exportação, promover o comércio exterior e apoiar o desenvolvimento de alta qualidade.
Ela enfatiza o papel das tarifas alfandegárias na proteção da soberania nacional, dos interesses e dos direitos legítimos dos pagadores de tarifas.
Esses objetivos se alinham com as políticas econômicas mais amplas da China, que visam alcançar a abertura de alto nível e o desenvolvimento sustentável.
As regulamentações de 2017 também foram projetadas para facilitar o comércio exterior e a cooperação econômica.
No entanto, a nova lei reflete uma evolução na política comercial da China, incorporando disposições mais detalhadas para práticas comerciais modernas, conformidade aprimorada e procedimentos simplificados.
Principais recursos da nova lei
Estrutura abrangente para direitos alfandegários
A nova lei introduz uma estrutura mais estruturada e detalhada para os direitos alfandegários, abrangendo disposições gerais, itens e taxas de direitos, cálculo dos direitos a pagar, incentivos fiscais e circunstâncias especiais.
Essa abordagem abrangente garante clareza e consistência na aplicação dos direitos alfandegários.
Itens de direitos e taxas
A lei especifica que os itens de direitos, as taxas e sua aplicação devem estar em conformidade com a Tarifa de Importação e Exportação da República Popular da China.
Ela categoriza as alíquotas tarifárias em alíquotas de nação mais favorecida (MFN), alíquotas convencionais, alíquotas preferenciais e alíquotas gerais, etc., semelhantes aos regulamentos de 2017.
No entanto, ele introduz regras mais precisas para a aplicação dessas taxas com base na origem das mercadorias e nos acordos internacionais.
Tarifas provisórias e de contingente
A nova lei mantém o conceito de alíquotas tarifárias provisórias e de cotas, mas fornece diretrizes mais claras sobre sua aplicação.
As alíquotas provisórias podem ser aplicadas a importações e exportações dentro de prazos específicos, e as alíquotas de cotas são definidas para bens sujeitos a cotas tarifárias.
Isso garante flexibilidade para responder às mudanças nas condições comerciais e proteger as indústrias nacionais.
Cálculo do valor do imposto a pagar
As taxas alfandegárias são calculadas com base no valor tributável, na quantidade de mercadorias ou em uma combinação.
O valor tributável baseia-se principalmente no preço da transação e nas despesas relacionadas, como transporte e seguro, cujos critérios são fornecidos pela nova lei, garantindo clareza e justiça nas avaliações alfandegárias.
Incentivos fiscais e casos especiais Tarifas
A lei especifica que os itens isentos de impostos incluem mercadorias dentro do limite de isenção estabelecido pelo Conselho Estadual, materiais de publicidade e amostras sem valor comercial e itens danificados ou perdidos antes do desembaraço alfandegário, etc.
A lei prevê reduções de tarifas em casos como mercadorias danificadas antes do desembaraço aduaneiro, disposições de tratados internacionais ou isenções legais.
Além disso, o Conselho de Estado pode formular políticas tarifárias preferenciais com base em interesses nacionais e outras necessidades.
As mercadorias qualificadas para redução ou isenção de impostos devem ser submetidas aos procedimentos relevantes, conforme exigido por lei.
Confidencialidade e conformidade
A nova lei exige confidencialidade estrita para segredos comerciais e informações pessoais acessadas pelas autoridades alfandegárias.
Ela também enfatiza a conformidade com os regulamentos alfandegários, incluindo penalidades para violações.
Isso reforça a confiança no sistema alfandegário e incentiva a conformidade entre os comerciantes.
Função aprimorada da Comissão de Tarifas Alfandegárias
A Comissão de Tarifas Alfandegárias recebe responsabilidades ampliadas, incluindo a revisão de políticas importantes de tarifas, a proposta de ajustes na tarifa e a interpretação de itens e taxas de tarifas.
Isso centraliza a tomada de decisões e garante uma abordagem coordenada dos direitos alfandegários.
Responsabilidades de conformidade dos importadores e exportadores
A nova lei impõe requisitos de conformidade mais altos para importadores e exportadores.
As empresas devem determinar com precisão a origem de suas mercadorias e fornecer provas legais para evitar taxas tarifárias mais altas.
O não cumprimento dessas exigências pode resultar em penalidades financeiras significativas e maior fiscalização por parte das autoridades alfandegárias.
Implicações práticas para os traders
Ênfase na certificação de origem precisa para produtos importados
Um dos elementos cruciais enfatizados pelos especialistas é a necessidade de determinação e documentação precisas da origem dos produtos importados.
De acordo com o artigo 19 da nova lei, as mercadorias sujeitas a direitos especiais, como direitos antidumping, compensatórios, de salvaguarda e retaliatórios, exigem documentação de origem verificada.
Se os importadores não fornecerem provas suficientes ou se a alfândega não puder verificar a origem com a documentação fornecida, será imposta a maior tarifa aplicável.
Isso exige que os importadores verifiquem e documentem meticulosamente a origem de suas mercadorias para evitar taxas alfandegárias mais altas.
Conformidade e regularização das operações de importação e exportação
A nova lei enfatiza mais a necessidade de importadores e exportadores manterem operações consistentes e em conformidade.
A introdução do sistema de “confirmação do valor do imposto” permite que as autoridades alfandegárias confirmem e cobrem retroativamente os direitos dentro de três anos, mesmo na ausência de violações iniciais.
Consequentemente, as empresas devem aprimorar seus padrões de conformidade e manter registros abrangentes de documentos alfandegários por pelo menos três anos para facilitar possíveis auditorias futuras ou confirmações de impostos.
Relatórios obrigatórios para mudanças corporativas
As empresas que passam por fusões, cisões, reestruturações de ativos, dissoluções ou falências devem informar essas mudanças à alfândega, principalmente se envolverem impostos não pagos ou mercadorias alfandegadas supervisionadas pela alfândega.
A não comunicação de tais mudanças pode resultar em penalidades.
Essa exigência garante que as autoridades alfandegárias possam acompanhar as mudanças que afetam o status de impostos e taxas das mercadorias sob sua supervisão.
Cumprimento tempestivo das obrigações fiscais e de retenção na fonte
A nova lei ressalta a importância do pagamento pontual de impostos e desestimula práticas como a transferência ou ocultação de ativos para fugir das taxas alfandegárias.
As violações levarão a penalidades substanciais, incluindo multas que variam de 50% a 500% do valor do imposto não pago.
Os agentes de retenção também são obrigados a cumprir suas responsabilidades, com penalidades que variam de 50% a 300% do valor do imposto não recolhido ou recolhido a menos.
Além disso, as autoridades alfandegárias anunciarão publicamente as empresas com impostos não pagos, e essas empresas ou seus representantes legais poderão enfrentar restrições de viagem.